domingo, 21 de agosto de 2011

Escorrega

Oculta-se o pensamento nas palavras
que
de tão usadas
perderam o seu brilho
fecha-se a terra que desbravas
torces o pé
fecha-se o trilho
imagens tudo tudo só imagens
arengas
galhardias e balelas
colagens tudo tudo só colagens


 picardias oferendas amarelas 
celebra sim celebra
ó meu filho
aperta a pistola no gatilho
escorrega escorrega
ó menina
deixa-te ir 
mas bem devagarinho
se preciso
trava com o pezinho
atenção atenção
ó minha linda atenção ou
esfolas o rabinho! 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Casa

 
 chuva vento cantos melodiosos
rãs grilos pássaros sem nome
 habitavam a casa de lata
onde 

rescendia o eucalipto quando a febre subia
da janela controlava-se o medo do trovão e entre pinhas
e folhas já caídas sentia-se bater um coração.

terça-feira, 16 de agosto de 2011




Burripandas.

Com medo de o perder nomeio o mundo
Seus quantos e qualidades, seus objectos,
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos.

Nomeei as coisas e fiquei contente:
 Prendi a frase ao texto do universo.
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,
 Em cada pausa e pulsação, um verso.

                                         Vitorino Nemésio

Mar em redor, Beira-Mar e Compromisso

 ser de areia, de água, de ilha...

 E até sem barco navega
 quem para o mar foi fadada.

  Deus te proteja, Cecília,
  que tudo é mar- e mais nada.

3ºAndam arados longe em minha alma.


                                                                   Andam os grandes navios obstinados.

                                                         

Excertos

1º Meus ouvidos estão como as conchas sonoras:
    música perdida no meu pensamento,
    na espuma da vida, na areia das horas...

2º Sou moradora das areias
de altas espumas: os navios
passam pelas minhas janelas
como o sangue nas minhas veias,
como os peixinhos nos rios...

Não têm velas e têm velas;
e o mar tem e não tem sereias;
e eu navego e estou parada
vejo mundos e estou cega,
porque isto é mal de família,
ser de