terça-feira, 28 de junho de 2016

Poetas




Un poète

C’est un être unique
À des tas d’exemplaires
Qui ne pense qu’en vers
Et n’écrit qu’en musique
Sur des sujets divers
Des rouges ou des verts
Mais toujours magnifiques.

Boris Vian, França (1920-1959)



segunda-feira, 27 de junho de 2016

« Dos insectos»


Dos insectos

Visto e dispo o insecto
como figura de estilo;
uma parte pelo todo,
uma antena por um reino
subterrâneo.

O insecto é o único fosso
temível das metamorfoses.


Luiza Neto Jorge,
in “Poesia”, ASA, 1993




segunda-feira, 20 de junho de 2016

O Lobisomem


A lua cheia  tinha nascido quando vislumbrei  o  meu amigo
De passagem se encontrava 
vimo-nos- no fim da viagem?-  melhor seria espreitar... 
 Entrou afinal e, como se fora normal, um spray me ofertou
 p'ra borrifar o olhar,
 e disse que ia jantar.

O meu amigo... não sei como estava vestido
       mas tinha o nariz mais comprido
 na mesa  o prato vazio no copo um gole restava ; 
 seus olhos pediam croquetes e um jarro de« tintol»
 recuperei as soquettes e jogámos futebol
 na baylia o Vian o noir  e a poesia 
 felizmente não morreu! e  eu que cantei  
  cheguei a casa e chorei  por não o poder amar
- e nele me transformei.


domingo, 19 de junho de 2016

Estranha abundância



The black art

A woman who writes feels too much,
those trances and portents!
As if cycles and children and islands
weren’t enough; as if mourners and gossips
and vegetables were never enough.
She thinks she can warn the stars.
A writer is essentially a spy.
Dear love, I am that girl.

A man who writes knows too much,
such spells and fetiches!
As if erections and congresses and products
weren’t enough; as if machines and galleons
and wars were never enough.
With used furniture he makes a tree.
A writer is essentially a crook.
Dear love, you are that man.

Never loving ourselves,
hating even our shoes and our hats,
we love each other, precious , precious .
Our hands are light blue and gentle.
Our eyes are full of terrible confessions.
But when we marry,
the children leave in disgust.
There is too much food and no one left over
to eat up all the weird abundance.


in The Complete Poems of Anne Sexton,

Houghton Mifflin Harcourt, Boston, Massachusetts, 1981.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Confiar


Propósito

Es necesaria una línea
dolorosas quemaduras de sol

futuro entre cielo y agua
los vientos favorables y el buen tiempo

movernos confiados
en este mar de nadie.


 Jaime Retamales, Chile (1958)



domingo, 12 de junho de 2016

Oliveira brava do mar


Já não gorjeiam as
andorinhas dos beirais
miam os gatos
em novo cio
chamam-se em coro as rãs
e um grilo solitário estrila
Ao largo
o embalo das ondas sob

um crescente ainda deitado.

domingo, 5 de junho de 2016

A ver o mar



Ontem saí e vi o mar de CC.

                                             


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ameaças...








¿De qué otra forma se puede amenazar
que no sea de muerte? Lo interesante,
lo original, sería que alguien lo amenace
a uno con la inmortalidad.


Jorge Luis Borges, Argentina 
                                 (1899-1986)