sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
"Cantata"
SONETO
Rudes e breves as palavras pesam
mais do que as lajes ou a vida, tanto,
que levantar a torre do meu canto
é recriar o mundo pedra a pedra;
mina obscura e insondável, quis
acender-te o granito das estrelas
e nestes versos repetir com elas
o milagre das velhas pederneiras;
mas as pedras do fogo transformei-as
nas lousas cegas, áridas, da morte,
o dicionário que me coube em sorte
folheei-o ao rumor do sofrimento:
ó palavras de ferro, ainda sonho
dar-vos a leve têmpera do vento.
Carlos de Oliveira (1921-1981)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
domingo, 19 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Dos olhos e suas funções
Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em
cousa nenhuma.
Para nem me sentir
viver,
Para só saber de mim
nos olhos dos outros, reflectido.
Alberto Caeiro/
Fernando Pessoa, (1888-1935)
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Baixa o tom
Speak Low
Speak low
when you speak, love
Our summer day withers away too soon, too soon
Speak low when you speak, love
Our moment is swift, like ships adrift, we're swept apart, too soon
Speak low, darling, speak low
Love is a spark, lost in the dark too soon, too soon
I feel wherever I go
That tomorrow is near, tomorrow is here and always too soon
Time is so old and love so brief
Love is pure gold and time a thief
We're late, darling, we're late
The curtain descends, everything ends too soon, too soon
I wait, darling, I wait
Will you speak low to me, speak love to me and soon
Time is so old and love so brief
Love is pure gold and time a thief
We're late, darling, we're late
The curtain descends, everything ends too soon, too soon
I wait, darling, I wait
Will you speak low to me, speak love to me and soon
Speak low
Our summer day withers away too soon, too soon
Speak low when you speak, love
Our moment is swift, like ships adrift, we're swept apart, too soon
Speak low, darling, speak low
Love is a spark, lost in the dark too soon, too soon
I feel wherever I go
That tomorrow is near, tomorrow is here and always too soon
Time is so old and love so brief
Love is pure gold and time a thief
We're late, darling, we're late
The curtain descends, everything ends too soon, too soon
I wait, darling, I wait
Will you speak low to me, speak love to me and soon
Time is so old and love so brief
Love is pure gold and time a thief
We're late, darling, we're late
The curtain descends, everything ends too soon, too soon
I wait, darling, I wait
Will you speak low to me, speak love to me and soon
Speak low
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Luz iminente
ANTES QUE a noite acabe
Acende a luz da minha
vida
Com a tua chama, oh,
meu Amor!
Estou à espera da
tarde
Em que vens pelo
caminho trazendo a tua chama,
E o meu coração
amadurecido nas suas trevas
Acender-se-á como uma
labareda.
Rabindranath Tagore,
Índia (1861-1941)
(trad de José Agostinho Baptista)
fotografia" intervencionada" de um trabalho de Helder Castro. |
sábado, 4 de fevereiro de 2017
Baladas: das águas- a de ontem- e do outono
Música: Armando
Carlos da Silva Marta (1940-2007)
Letra: 1ª quadra de Fernanda de Castro, adaptada por Armando Carlos da Silva Marta;
2ª quadra de Armando Carlos da Silva Marta
Incipit: Ó rio das águas claras
Origem: Coimbra
Data: ca. 1960
Ó rio das águas claras
Que te vais lançar no mar!
Não leves minha alegria,
Leva antes meu penar.
Ó meu amor, minha vida,
Como vivo amargurado...
Só, numa ilha perdida,
E a saudade a meu lado.
Canta-se o 1.º dístico, repete-se; canta-se o 2.º e bisa-se.
Informação complementar:
Canção musical estrófica em compasso 4/4 e tom de Si Menor, gravada por 1962 e comercializada em 1963 pelo tenor Armando Marta.
Letra: 1ª quadra de Fernanda de Castro, adaptada por Armando Carlos da Silva Marta;
2ª quadra de Armando Carlos da Silva Marta
Incipit: Ó rio das águas claras
Origem: Coimbra
Data: ca. 1960
Ó rio das águas claras
Que te vais lançar no mar!
Não leves minha alegria,
Leva antes meu penar.
Ó meu amor, minha vida,
Como vivo amargurado...
Só, numa ilha perdida,
E a saudade a meu lado.
Canta-se o 1.º dístico, repete-se; canta-se o 2.º e bisa-se.
Informação complementar:
Canção musical estrófica em compasso 4/4 e tom de Si Menor, gravada por 1962 e comercializada em 1963 pelo tenor Armando Marta.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Catherine Ribeiro
Uma Senhora Cantora
que também foi actriz e ainda é nossa prima.
Não tem feito ouvir a sua voz: dizem que se retirou...
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
No jardim da guerra- a voz obstinada e frágil da papoila
«Je n’use que de
ma voix si proche du silence et
qui n’a que l’obstination fragile du
coquelicot
pour te mettre à la question
il ne me faut que la tenaille des mots
durcie au feu continu du chagrin
mais par exemple je ne demande moi
ni pourquoi ni comment
ma question est ailleurs elle est bien avant
le pourquoi
et le comment
je demande ce que c’est
qu’est-ce que ce flux nerveux qui court des
neurones
à l’extrémité du bras
et fait plier l’index sur la gâchette
d’une arme automatique ?
et qu’est-ce qui est automatique l’arme ou le
geste ?
qu’est-ce que cette émotion sèche qui gouverne
la
main meurtrière ?
qu’est-ce que voit réellement l’œil qui
vise ?
qu’est-ce que le bruit des viscères qui se
rompent
dans l’oreille du tueur ?
qu’est-ce que le relâchement de l’effort dans
les
muscles tendus pour tuer ?
qu’est-ce que l’idée d’être là pour que
l’autre n’y soit
plus ?
qu’est-ce que la certitude de devoir faire un
mort ?
qu’est-ce que le sentiment de la chose
accomplie ?
qu’est-ce que l’énergie surpuissante qu’il faut
à
l’index quand il enfonce
le bouton qui fera le désastre ?
qu’est-ce que ce geste du pied qui fait bouger
la chose
morte
pour vérifier qu’elle est morte ?
et qu’est-ce que ce coup gracieux dont on
achève
l’agonisant ?
je sais mes questions
c’est comme demander
quelle est l’intention du gel qui tue le fruit
du vent qui tue la branche
du nœud de sable qui tue la source
je sais mes questions
n’ont pas de réponses
et c’est pourquoi je les pose
pour qu’enfin se taise le discours des effets
et des
causes »
Jean- Pierre Siméon, excerto de Stabat
Mater Furiosa
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