domingo, 26 de maio de 2019

O que está para vir...

                                       
                                           19 H - "tá-se" mesmo a ver, não "tasse"?
                                           24 H- maioria: calada; falantes: não gagos.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Mares e marés

                                                        (este não é o mar do poema que estou a tentar traduzir)


Quem viu um mar tão estreito
estreito estreito
como pupila de um olho
Quero dizer, quem vê
quem viu o minúsculo mar
estreitar-se tanto como eu vi
sem espaço  para o salpique  de uma gaivota estranha
e onde os peixes pequenos não conseguem dar a volta


Dê uma volta ao discurso
Só a linguagem descarta e dispersa as imagens
Não sou eu
apenas a língua.
Então o mar invade os becos
mais pequenos do que o gorgolejar de caracóis
quando sufocam

tanto que não dá para fazer um gorro
para a ilha, solitária, de pé
no frio
A ilha permanece solitária
de cabeça nua e sozinha
O vento envia notícias para lá
a tempestade, que é maravilha, não chega (...)

    
                 Q.H.  





quinta-feira, 23 de maio de 2019

Criaturas de pó


 A borboleta esvoaçando - 
 sinto-me também
uma criatura de pó

 Issa, Japão


terça-feira, 21 de maio de 2019

Totem da alegria





               Se fores terno com eles
 os jovens pardais
               hão de cobrir-te
                          de excrementos.

         Issa, Japão (1762-1826)

            - a tradução, do francês, é minha -





domingo, 19 de maio de 2019

"Shots" por vinho § outras coisas +



Já lixaram esta merda toda com
 as breves alegrias de fim-de-semana
 em desespero de shots,

porque os pobres imitaram os ricos
 e os ricos são pobres de nascença
 sem nunca alcançarem o céu,
 não passam no cu de uma agulha.

 António Ferra




quinta-feira, 9 de maio de 2019

Turvas vão as águas...


                                         Turbias van las aguas, madre,
                       turbias van;
                               mas ellas se aclararán.

                      in Antología de la poesía espanñola. Lírica de tipo tradicional




segunda-feira, 6 de maio de 2019

Absolument rien, dear Charles!


nada a fazer

há um lugar no coração que
 nunca será preenchido

 um espaço

 e mesmo durante
 os mais felizes momentos
 e
 os melhores dos tempos

 saberemos disso

saberemos disso
 mais do que
 nunca

há um lugar no coração que
nunca será preenchido

e

vamos esperar
 e
 esperar

nesse


 espaço




Charles Bukowski, EUA (1920-1994)
- a tradução é de H.M.S. Pereira-

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Trabalha(a)dor



 Morrer não é fácil
 viver sim e não
 mas dá muito trabalho
 real ou imaginário
- eis a contradição
 Trabalhar faz sempre calos
 esse mal bem necessário
 em plena desvalorização
 de que usufruem os galos
 que desperdiçam o erário
- mais uma contradição...