sexta-feira, 24 de maio de 2019

Mares e marés

                                                        (este não é o mar do poema que estou a tentar traduzir)


Quem viu um mar tão estreito
estreito estreito
como pupila de um olho
Quero dizer, quem vê
quem viu o minúsculo mar
estreitar-se tanto como eu vi
sem espaço  para o salpique  de uma gaivota estranha
e onde os peixes pequenos não conseguem dar a volta


Dê uma volta ao discurso
Só a linguagem descarta e dispersa as imagens
Não sou eu
apenas a língua.
Então o mar invade os becos
mais pequenos do que o gorgolejar de caracóis
quando sufocam

tanto que não dá para fazer um gorro
para a ilha, solitária, de pé
no frio
A ilha permanece solitária
de cabeça nua e sozinha
O vento envia notícias para lá
a tempestade, que é maravilha, não chega (...)

    
                 Q.H.  





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