ao Pedro Costa
Entre eu e as luzes há um rio preto.
Imitação dos que
extraviaram
Ulisses pela galhofa
de deuses
cegos. Um rio preto.
Escrever é uma coisa
tão pouca.
De umas vezes
garantir fiado,
de outras amanhecer a
medo
no rasgão que imprime
a cidade
ao longe. Infindável
rebentação.
Falo de uma insónia,
claro,
dos olhos que
desabrigam
lá dentro toda a
memória,
quando se fica a roer
um os-
so sob um céu de sépia.
António Cabrita (1959)
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