Estudo
Através da janela
mando
a negra razão
falar com a
paisagem.
Ernst Meister, Alemanha (1911-1979)
-tradução de João Barrento-
Estudo
Através da janela
mando
a negra razão
falar com a
paisagem.
Ernst Meister, Alemanha (1911-1979)
-tradução de João Barrento-
o comércio da poesia
é a imagem de um rapaz
a fazer música e amor
com uma rapariga cujos interesses
em amor e música coincidem
com uma enorme aflição sentida
no interior de ambos como uma guitarra
corajosa ao sol quente e seco
da esperança onde homens selvagens e brutais
estão a rasgar a vida como uma página
de um livro
muito antigo
e amarelo.
Harold Norse, EUA (1916-2009)
M(o)uette
Porque já não sabia com que pé dançar
Ela levantou voo mas quase com pesar
nesse grito perplexo das aves do nosso mar
Ofuscada talvez a
sua alma dá viravoltas
com a asa bate no gume da falésia
e mergulha a pique
na água negra
por desespero por
vingança também
E nós corremos entretanto
no atalho costeiro
chorando lágrimas
que o vento nos arranca
Ao considerar o
abismo que ferve mais abaixo
e a nossa tácita aprovação
do seu elevar-se
de branda angústia
torcemos as mãos
Sylvie K, França (1957)
- traduzido por mim-
Le
trottoir transpire
d’eau
le tunnel déborde
aspro
ceux qui travaillent s’éteignent
où il y a plus d’eau
ma petite bulle roule
tranquille
comme
un neuf sous neuf
eh m’sieur l’agent mouilles tes pieds
dis-moi où c’est la cinémathèque?
où c’ty l’aquaflic
Brussels
itt suif
on
the rocks.
Jean-
Louis Sbille, Bélgica
(1948)