sexta-feira, 31 de julho de 2015

Chuvas e luas




       Tocada pela linha
 da cana de pesca
         a lua de verão
                                  Chiyo-ni


         Sob as chuvas de verão
 o carreiro
           desapareceu
                                 Buson


     (a tradução, do francês, é minha)

sexta-feira, 24 de julho de 2015

«Um rio chamado tempo, ...» Mia Couto





Olhamos a estrela como olhamos o fogo.
Sabendo que são uma mesma substância,
                      apenas diferindo na distância
             em que a si mesmos se consomem.
                                     (Tia Admirança)




quinta-feira, 9 de julho de 2015

«Trésor de la poésie chinoise»















 O amor que nela habitava, retirou-se por inteiro.
 Bebemos juntos pela última vez,
 e o último sorriso, ela não pode sequer forçá-lo a florir.
 Mas no castiçal as velas de cera
 chorarão até ser dia as lágrimas que não chorais.


Tou Mou, China (803-852)
(traduzi eu- do francês)

China- poema cantado


O meu alaúde repousa sobre a mesa
No caudal dos meus sonhos oscilo
Entoar uma ária para quê?
O vento afagando as cordas
saberá cantar o que eu calo.

Po Kiu Yi , China (772-846)

  (a tradução, do francês, é minha)

terça-feira, 7 de julho de 2015

Da China antiga



Quase tudo o que está em paz não emite sons. Plantas e árvores não têm voz, mas quando o vento as agita, logo estremecem. A água não tem voz, mas se o vento choca com ela, solta um som; se lhe batem, ressoa; se a represam resmonea; se a fazem ferver, canta. Metal e pedra não têm voz, mas quando batem neles, logo retinem. O mesmo se passa com os homens: só falam quando são obrigados. Se desejam alguma coisa, cantam. Se estão tristes, choram. Os sons transpõem os seus lábios quando perderam a paz.
A música exprime o que esteve muito tempo contido, e escolhe para o reproduzir as matérias mais sonoras. Metal, pedra, cordas, bambus, cabaças, terracota, pele e madeira, tudo isso produz um som.(…)
Os homens também procuram o que melhor os fará vibrar. A linguagem é a essência da palavra, a literatura é a essência da linguagem, e os que melhor as utilizam são escolhidos pela humanidade para emitir o som que ela procura exprimir.

Han Yu, China (768-824)
 texto traduzido, do francês, por mim

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Poesia e astronomia


                                                Poíesis,



                     Estrelas e Super-Novas

domingo, 5 de julho de 2015

Parabéns- a «tutti quanti»!



                             No auge da tempestade

      há sempre um pássaro para nos tranquilizar

                                 É a ave desconhecida

                           Que canta antes de voar

                                                René Char



           Poema mestiço

    escrevo mediterrâneo
    na serena voz do Índico

    sangro norte
    em coração do sul
   
    na praia do oriente
    sou areia náufraga
    de nenhum mundo

     hei-de
     começar mais tarde

     por ora
     sou a pegada

    do passo por acontecer

                     Mia Couto






  







sexta-feira, 3 de julho de 2015

O som do Silêncio.com


       A arte está na rua
      A rua encontra a arte
   - e eu ainda em casa
 negra pantera já no panteão: jubilação
 pelos gregos uma petição o Não

 Festival em zona desertificada
         vamos ver
           todos
           à molhada
           que bom

          Silêncio.com