terça-feira, 7 de julho de 2015

Da China antiga



Quase tudo o que está em paz não emite sons. Plantas e árvores não têm voz, mas quando o vento as agita, logo estremecem. A água não tem voz, mas se o vento choca com ela, solta um som; se lhe batem, ressoa; se a represam resmonea; se a fazem ferver, canta. Metal e pedra não têm voz, mas quando batem neles, logo retinem. O mesmo se passa com os homens: só falam quando são obrigados. Se desejam alguma coisa, cantam. Se estão tristes, choram. Os sons transpõem os seus lábios quando perderam a paz.
A música exprime o que esteve muito tempo contido, e escolhe para o reproduzir as matérias mais sonoras. Metal, pedra, cordas, bambus, cabaças, terracota, pele e madeira, tudo isso produz um som.(…)
Os homens também procuram o que melhor os fará vibrar. A linguagem é a essência da palavra, a literatura é a essência da linguagem, e os que melhor as utilizam são escolhidos pela humanidade para emitir o som que ela procura exprimir.

Han Yu, China (768-824)
 texto traduzido, do francês, por mim

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