Quase tudo o que está em paz não emite sons. Plantas e
árvores não têm voz, mas quando o vento as agita, logo estremecem. A água não
tem voz, mas se o vento choca com ela, solta um som; se lhe batem, ressoa; se a
represam resmonea; se a fazem ferver, canta. Metal e pedra não têm voz, mas
quando batem neles, logo retinem. O mesmo se passa com os homens: só falam
quando são obrigados. Se desejam alguma coisa, cantam. Se estão tristes, choram.
Os sons transpõem os seus lábios quando perderam a paz.
A música exprime o que esteve muito tempo contido, e escolhe
para o reproduzir as matérias mais sonoras. Metal, pedra, cordas, bambus,
cabaças, terracota, pele e madeira, tudo isso produz um som.(…)
Os homens também procuram o que melhor os fará vibrar. A
linguagem é a essência da palavra, a literatura é a essência da linguagem, e os
que melhor as utilizam são escolhidos pela humanidade para emitir o som que ela
procura exprimir.
Han Yu, China (768-824)
texto traduzido, do francês, por mim
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