D. JOÃO E A ROSA
Tocam teus dedos a melodia do tempo,
o teu criar raíz em
terra que não é,
e a cada flor do rio
prendes o tormento
da água entre pedras
correndo na manhã.
Vento inatingível, intervalo da lira
corda do instante
fugindo despedida,
escorres-te momento
que se chamou eterno
inverno do adeus em
que se diz a vida.
A seiva do sentido pediu à tua porta
outra folha tecida no
ar transfigurado
e sonho plenitude
assim me deixas morta
no teu querer além
mais para além do vago.
Salette Tavares (1922-1994)
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