quinta-feira, 18 de maio de 2017

Da cor da rosa


D. JOÃO E A ROSA

Tocam teus dedos a melodia do tempo,
 o teu criar raíz em terra que não é,
 e a cada flor do rio prendes o tormento
 da água entre pedras correndo na manhã.

Vento inatingível, intervalo da lira
 corda do instante fugindo despedida,
 escorres-te momento que se chamou eterno
 inverno do adeus em que se diz a vida.

A seiva do sentido pediu à tua porta
 outra folha tecida no ar transfigurado
 e sonho plenitude assim me deixas morta
 no teu querer além mais para além do vago.


Salette Tavares (1922-1994) 

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