Dito e feito:
o ofício de-ver
Compadeço-me, contra
a minha vontade, dessa visão.
Comovo-me.
Olho outra vez todas
as fachadas ondulantes, toda a arquitectura se
desfaz num bocejo.
Perco momentaneamente
o ar.
Venho à varanda.
Respiro.
Volto as costas ao
interior.
Posso agora, graças
ao maravilhoso invento da perspectiva, ver todas
as varandas desenhadas
sobre as linhas de fuga.
Quase todas estão
vazias.
Que pena!
Devem estar todos
muito ocupados a habitar o interior.
Marta Bernardes, 1983
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