domingo, 26 de abril de 2020

Mãos que se movem



(…) Não morrer
 não morrer ainda
 não demasiado cedo
 a faca o veneno, cedo demais
 ainda gosto de mim.
 gosto das minhas mãos que fumam
 que escrevem
 Que seguram o cigarro
 A caneta
 O copo
 Gosto das minhas mãos que tremem
 que limpam apesar de tudo
 que se movem
 Onde as unhas ainda crescem
as minhas mãos voltam a pôr os óculos no
 sítio
  para que eu escreva.

Ágota Kristof, Hungria (1935-2011)
(tradução do francês feita por mim)

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