segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Mapeações

 

Quando eu desaparecer do mapa

morarás talvez na cabana

ao de leve imaginada

no meio da mata porém

desejo dos sem vintém

pássaros na alba te despertarão

dessa sonolência insana

que te assalta e te esvazia          

 sangue cereja

 as feridas das tuas mãos

milho e oliveiras plantarão

durante o dia

grilos e cigarras

em cio te acompanharão

e tu os farás mansamente cantar

encolhendo as tuas garras

que só servem para caçar

 no lampejo dos noctilúcios

 no vazio deixado por estrela cadente

    e cansada de céu

hás de lembrar-te

muito vagamente

do que é meu

que em cinzas descanso

finalmente

            até renascer

 num muito outro

     trilo

 ou

 na Grécia

ou

no Nilo.



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