sábado, 19 de novembro de 2022

«Regresso»

 

Regresso

 

Mamãe Velha, venha ouvir comigo

O bater da chuva lá no seu portão.

É um bater de amigo

Que vibra dentro do meu coração

 

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,

Que há tanto tempo não batia assim…

Ouvi dizer que a Cidade - Velha

- a ilha toda -

Em poucos dias já virou jardim…

 

Dizem que o campo se cobriu de verde

Da cor mais bela porque é a cor da esp’rança

Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.

- É a tempestade que virou bonança…

 

Venha comigo, Mamãe Velha, venha

Recobre a força e chegue-se ao portão

A chuva amiga já falou mantenha

E bate dentro do meu coração!

 

Amílcar Cabral, Guiné-Bissau (1924-1973)




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