RITMO
Involuntário e tão
banal
este contínuo inspirar
fundo ou leve ou mesmo
intensamente irregulado
ofegante ou sísmico. Por vezes
chama-nos uma desistência funda
e dorida desse obrigatório ritmo,
esquecidos de que nenhuma pátria
ou ideal é maior e mais gratuito
que esse composto cada vez mais
em desfalque oxigenado
que nos invade docemente as altas
narinas, percorre canais e membranas
e desce democraticamente
às saídas menos nobres.
Inês Lourenço (1947)
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