(...) LOUVADA SEJA a lágrima espontânea
que lentamente nasce
nos formosos olhos
dos jovens
que se tomam pela mão
dos jovens que se
olham e não falam
O balbuciar dos namorados sobre as rochas
um farol que deslaça
a tristeza dos séculos
o grilo
persistente como o remorso
e o xaile abandonado
na brisa da noite
A MENTA
áspera e perjura entre os dentes
dois lábios que não
podem consentir e no entanto
o «adeus» que brilha um momento nas pestanas
e depois o mundo
turvo para sempre
O lento e
pesado orgão das tempestades
Heráclito na sua voz
arruinada
o outro lado invisível dos assassinos
o pequeno «porquê»
que ficou sem resposta
LOUVADA SEJA a mão que regressa
do crime terrível e
sabe agora
qual é em verdade o mundo superior
qual é o «agora» e o
«sempre» do mundo:
AGORA a fera do mirto Agora o grito de Maio
SEMPRE a consciência
extrema Sempre a lua cheia
Agora agora a ilusão e a mímica do sono
Sempre sempre a
palavra e a Quilha estrelada
Agora o movimento da nuvem dos lepidópteros
Sempre a luz circundante dos mistérios
Agora a crosta da Terra e a Potência
Sempre o pão da Alma
e a quintessência
Agora a incurável
negrura da Lua
Sempre o brilho azul
dourado da Galáxia
Agora a amálgama dos povos e o negro Número
Sempre a estátua da
Justiça e o grande Olhar
Agora o declinar dos Deuses Agora a cinza do Homem
Agora Agora o nada
e Sempre o mundo pequeno, o Grande!
Odysséas Elytis,
excerto final de Áxion Estí, (publicado em 1959)
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