quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Alba: o Beagle e a Arca de Noé cruzando-se






Súbdito só de quem não reina,
aqui louvo os animais.
Há entre mim e eles, uma funda
relação de videntes:
as paisagens que fendem
e a minha, sepulta,
perfazem um mesmo habitat.
Desde que os não sondo,
fez-se luz em nosso convívio.
O ar inicial
que ensaiava, icárico,
nas bolas de sabão,
mas não atina com o vácuo
da cidade, vem-me
dos meus pulmões arborescentes.
Alheios à sua pele
na osmose dos textos,
ignoram que nas águas
por correr, desta página,
cruzam, saudando-se,
o “Beagle” e a Arca de Noé.


Sebastião Alba

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