segunda-feira, 13 de julho de 2020

No fundo da memória, uma fera




É a violência que dita os nossos percursos

como a paixão que se extingue em mãos indomesticáveis,
 o pulsar das linguagens que dominamos
 dentro de cada cicatriz, uma memória
 dentro de cada reino, um tirano.
 é de violência que somos feitas
 como acordar para uma ressaca infinita
 e cancelar a noite, apagar os emails onde nos ofendemos.
há um animal selvagem no fim da memória
alimenta-se do furor das coisas
aquelas que são atiradas para o chão e partem
e se desfazem em tantos pedaços inalcançáveis até serem
a confusão que trazemos por dentro.

Sara F. Costa, 1987


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