terça-feira, 5 de novembro de 2013
Pensamentos (aguardando Morfeu)
Boiam leves, desatentos,
Meus pensamentos de mágoa,
Como, no sono dos ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das águas.
Boiam como folhas mortas
À tona de águas paradas.
São coisas vestindo nadas,
Pós remoinhando nas portas
Das casas abandonadas.
Sono de ser, sem remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se para, se flui;
Não sei se existe ou se dói.
Poesias. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).
Pára-me de repente o Pensamento…
- Como se de repente sofreado
Na Douda Correria… em que, levado…
- Anda em Busca… da Paz… do Esquecimento[.]
- Pára Surpreso… Escrutador… Atento
Como pára um Cavalo Alucinado
Ante um Abismo… ante seus pés rasgado…
- Pára… e Fica… e Demora-se um Momento…
Vem trazido na Douda Correria
Pára à beira do Abismo e se demora
E Mergulha na Noute, Escura e Fria
Um Olhar d’Aço, que na Noute explora…
- Mas a Espora da dor seu flanco estria…
E Ele Galga… e Prossegue… sob a Espora!
Ângelo de Lima
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