sábado, 8 de fevereiro de 2014

Não cai em mim.






A chuva cai na poeira como no poema
de Li Bai. No sul
os dias têm olhos grandes
e redondos; no sul o trigo ondula,

as suas crinas dançam no vento,
são a bandeira
desfraldada da minha embarcação;

no sul a terra cheira a linho branco,
a pão na mesa,
o fulvo ardor da luz invade a água,
caindo na poeira, leve, acesa,

Como no poema.

 EUGÉNIO DE ANDRADE
Branco no Branco, 1984

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