terça-feira, 11 de março de 2014

« Dizer: Fazer», de Octavio Paz


DIZER:FAZER

A Roman Jakobson

1

Entre o que eu vejo e digo,
entre o que eu digo e calo,
entre o que eu calo e sonho,
entre o que eu sonho e esqueço,
a poesia.
         Desliza
entre o sim e o não:
        diz
o que eu calo,
       cala
o que eu digo,
        sonha
o que eu esqueço.
      Não é um dizer:
é um fazer.
      É um fazer
que é um dizer.
      A poesia
diz-se e ouve-se:
      é real.
 E mal eu digo
     é real
 dissipa-se.

     Será mais real assim?

Octávio Paz, Poésie méxicaine-anthologie, Écrits des Forges/ Le Castor Astral, 1989 et 2009

( O texto aqui apresentado é meu;  parti do texto original e consultei também a tradução francesa)


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