DIZER:FAZER
A Roman Jakobson
1
Entre o que eu vejo e digo,
entre o que eu digo e calo,
entre o que eu calo e sonho,
entre o que eu sonho e esqueço,
a poesia.
Desliza
entre o sim e o não:
diz
o que eu calo,
cala
o que eu digo,
sonha
o que eu esqueço.
Não é um dizer:
é um fazer.
É um fazer
que é um dizer.
A poesia
diz-se e ouve-se:
é real.
E mal eu digo
é real
dissipa-se.
Será mais real
assim?
Octávio Paz, Poésie méxicaine-anthologie, Écrits des Forges/ Le Castor Astral, 1989 et 2009
( O texto aqui apresentado é meu; parti do texto original e consultei também a tradução francesa)
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