[Da Primeira Elegia Romana]
Quando (ao lembrá-lo ainda as veias me tremem de
ternura)
meio ébrio saí de sua casa amada,
através de ruas efervescentes dos últimos labores do dia,
de rumores, carruagens, roucos gritos,
súbito senti, do fundo peito, toda a alma elevar-se,
cupidamente, e no alto vi, sobre os estreitos muros,
romper a ígnea zona por onde o crepúsculo do Outono,
céu húmido e vastas nuvens, incendiava Roma.
Nem da hora nem dos lugares me sentia consciente. Seria
um sonho falaz a possuir-me? Ou todas minhas cônscias
alegrias eram coisas a produzir em torno um insólito lume?
Não o sabia. Mas todas as coisas produziam lume.
Imóveis, ardiam as nuvens, e, qual sangue de monstros
assassinados, de seus flancos rompiam rubros rios.
Gabriele d'Annunzio, Itália, 1863 -1938.
(tradução
de David Mourão-Ferreira)
1989
Rumori lontani
agitano
Ogni olmo sotto
il sole dormiente
Melanconia si
siede in piazze immense d’
Arancio tramonto
ricoperta