sexta-feira, 3 de abril de 2015

Elegias: romana e lusitana


[Da Primeira Elegia Romana]

Quando (ao lembrá-lo ainda as veias me tremem de ternura)
meio ébrio saí de sua casa amada,

através de ruas efervescentes dos últimos labores do dia,
de rumores, carruagens, roucos gritos,

súbito senti, do fundo peito, toda a alma elevar-se,
cupidamente, e no alto vi, sobre os estreitos muros,

romper a ígnea zona por onde o crepúsculo do Outono,
céu húmido e vastas nuvens, incendiava Roma.

Nem da hora nem dos lugares me sentia consciente. Seria
um sonho falaz a possuir-me? Ou todas minhas cônscias

alegrias eram coisas a produzir em torno um insólito lume?
Não o sabia. Mas todas as coisas produziam lume.

Imóveis, ardiam as nuvens, e, qual sangue de monstros
assassinados, de seus flancos rompiam rubros rios.

Gabriele d'Annunzio, Itália, 1863 -1938.

(tradução de David Mourão-Ferreira)



 1989

Rumori lontani agitano
Ogni olmo sotto il sole dormiente
Melanconia si siede in piazze immense d’
Arancio tramonto ricoperta

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