sábado, 25 de abril de 2015

Haver











Há um galo sozinho à beira do cais
Há um cão que s’arrasta para lá.
Há um mundo que deixam nos rastos.

Há depois um barco que parte lento.
Uma lágrima que disserta sobre o olvido.
Uma sereia que ouve saudade dos que partem.

Uma cidade feita de azul espúmea desoras,
um sonho que desperta toda a madrugada
E um poema que no mar somente não se enjoa.



Valdemar Valentino Velhinho Rodrigues, Cabo Verde (1961)

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