terça-feira, 1 de junho de 2021

"Eu nunca fui capaz de rezar"


Guia-me até ao porto

 onde o farol jaz abandonado

 e a lua range nas vigas de madeira.

 

Deixa-me ouvir o vento chamar por entre as árvores

 e ver as estrelas irromperem, uma a uma,

 como os rostos esquecidos dos mortos.

 

Eu nunca fui capaz de rezar,

 mas deixa-me gravar o meu nome

 no livro das ondas

 

e depois olhar intensamente a cúpula

 de um céu que não tem fim

 e ver a minha voz navegar pela noite dentro.

 

Edward Hirsch, EUA, 1950

(tradução de Luís Filipe Parrado)

 

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