Toda a gente
Eu
estava na paragem do autocarro
numa
dessas tardes, esperando
pelo
2. Um tipo
mais
velho esperava também.
Olhei-o
com atenção. Ele
captou
o meu olhar e arreganhou um sorriso
onde
faltavam alguns dentes. Queres
assinar
o meu casaco? disse ele.
Estendeu-me
logo uma caneta. Trazia
vestido
um casaco de lona imundo que
exibia
assinaturas por todo
o
lado, centenas delas, talvez
milhares.
Estou
a ver
se
apanho toda a gente,
disse ele.
Assinei. Na pequena
superfície
de um dos bolsos.
Por
vezes lembro-me:
sou
uma parte de um todo.
Marie
Sheppard Williams,
EUA (1931-2015)
(tradução de Luís
Filipe Parrado)
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