Sou marinheiro de amor,
E em seu pélago profundo
Navego, sem ter espe’rança
De encontrar porto no mundo.
E vou seguindo uma estrela,
Que brilha no céu escuro,
Mais bela e resplandescente
Que quantas viu Palinuro.
Eu não sei aonde me guia,
E a navegar me costumo,
Mirando-a com alma atenta,
Cuidoso, mas não do rumo.
Recatos impertinentes,
Honestidade no apuro,
São as nuvens que ma encobrem,
Quando mais vê-la procuro.
Límpida e lúcida estrela,
Só teu clarão me conduz!
Extingue-se a minha vida,
Em se extinguindo a tua luz.
M de Cervantes, Espanha, (1547-1616), in D. Quixote