O grito de dignidade dos estivadores
Esqueçam o contrato
de cinco anos, de um ano ou de seis meses. Esqueçam até o contrato mensal. Tive
a oportunidade de conversar com um estivador que trabalha há oito anos com
contratos por turno de oito horas. O velho e conhecido trabalho à jorna. No
Porto do Pireu, na Grécia, a entrada de uma empresa chinesa no mercado tornou
as condições de trabalho numa selva absoluta. E é isto que se deseja
generalizar. Foram as greves e os perigos de agitação social que garantiram o
fim-de-semana, as férias pagas, o contrato mais seguro, os horários de
trabalho, a impossibilidade de despedir de forma discricionária, a licença de
parto, o fim do trabalho infantil... A única forma de destruir tudo isto é pôr
os trabalhadores a pensar como se fossem patrões. Inculcar-lhes o espírito do
mordomo que apesar de não ter lugar à mesa acredita ser da casa. E é por isso
que a greve dos estivadores, que nos prejudica a todos e a eles também, é um
grito de dignidade (...)
Daniel Oliveira, in Jornal
Expresso de 25.05.2016, às 18h00
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