quarta-feira, 25 de maio de 2016

«O grito de dignidade dos estivadores»


O grito de dignidade dos estivadores

Esqueçam o contrato de cinco anos, de um ano ou de seis meses. Esqueçam até o contrato mensal. Tive a oportunidade de conversar com um estivador que trabalha há oito anos com contratos por turno de oito horas. O velho e conhecido trabalho à jorna. No Porto do Pireu, na Grécia, a entrada de uma empresa chinesa no mercado tornou as condições de trabalho numa selva absoluta. E é isto que se deseja generalizar. Foram as greves e os perigos de agitação social que garantiram o fim-de-semana, as férias pagas, o contrato mais seguro, os horários de trabalho, a impossibilidade de despedir de forma discricionária, a licença de parto, o fim do trabalho infantil... A única forma de destruir tudo isto é pôr os trabalhadores a pensar como se fossem patrões. Inculcar-lhes o espírito do mordomo que apesar de não ter lugar à mesa acredita ser da casa. E é por isso que a greve dos estivadores, que nos prejudica a todos e a eles também, é um grito de dignidade (...)

Daniel Oliveira, in Jornal Expresso de 25.05.2016, às 18h00





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