quinta-feira, 12 de maio de 2016

Canção da água


CANÇÂO DA ÁGUA

Lua brilhante, estás assim tão longe de nós?
 Com a taça na mão, interrogo o céu.
Ó lua, diz-me, no teu universo
 que dia é, em que ano estamos, e o porquê?
 Gostaria de levantar voo, levado pelo vento.
 Mas tenho medo de que, nos dédalos do seu sopro
 o meu corpo possa ser trespassado pelo frio.
 Danço para fazer que de mim nasça a sombra, uma silhueta.
 Mas a vida é melhor na terra, e eu choro.
 Sobre os leitos carmesins, sob as telhas coloridas
 é lentamente que o sono chega.
Seria preciso não lamentar
 o que decepcionou o nosso coração.
Como a enchente e a vazante,
 como as marés da alegria
 a lua, do plenilúnio à lua nova
 é essa perfeição imóvel
 o que é e o que não é.
 E nós, aqui em baixo, pedimos
 a vida longa, e o amor,
 que não caminham juntos.


Sou Che, China (1036 -1101)

                                                                                      ( traduzido por mim - do francês )     

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