domingo, 29 de maio de 2016

« Mar Aberto»



Sou marinheiro de amor,
E em seu pélago profundo
Navego, sem ter espe’rança
De encontrar porto no mundo.

E vou seguindo uma estrela,
Que brilha no céu escuro,
Mais bela e resplandescente
Que quantas viu Palinuro.

Eu não sei aonde me guia,
E a navegar me costumo,
Mirando-a com alma atenta,
Cuidoso, mas não do rumo.

Recatos impertinentes,
Honestidade no apuro,
São as nuvens que ma encobrem,
Quando mais vê-la procuro.

Límpida e lúcida estrela,
Só teu clarão me conduz!
Extingue-se a minha vida,
Em se extinguindo a tua luz.

                                              M de Cervantes, Espanha, (1547-1616), in D. Quixote 

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