ECLÍPTICA SANGUÍNEA (O Lugar Morto)
Dedicado a Hipátia
Dizias Sangue e Vida quando todo o ouro cabia na tua boca
E era tão doce, o
entardecer - tão pacifica, a Solidão
Regressar a casa para
junto da própria sombra
E ter a força para
segurar a própria mão.
Eu era jovem, sonhava
Beijar a Histeria na
boca
- loucura sanguínea,
era tua –
Era na tua boca azul que os sonhos se despedaçavam,
nasciam de novo
E enormes,
altíssimos, eram os pesadelos de deus
E os sorrisos tristes
dos amigos que chegavam
Trazendo tanto frio
nos cabelos, memórias entre os dedos
Como serpentes mortas
encontradas na estrada.
Então surgiam os cânticos e as garrafas quebradas
Memórias pela
eternidade acariciadas
E quando o sangue
ardia no fundo dos corpos
E a noite adormecia
sob as tuas pálpebras pesadas
Sonhávamos ou
provávamos a existência
De árvores ardendo em
constelações geladas
Ou de como todo o
ouro cabia na tua boca amada.
Despimos a verdade, ela estremece nua:
Era às portas da
morte que o amor nos esperava.
E ela
Ela era uma mulher que dormia
Com a sua nudez
encostada às palavras sagradas:
Era preciso cair até ao fundo
Soterrado nos seus
braços
Era necessário perder
para não mais recuar
Para morrer com
delicadeza
Para quase viver sem
respirar
E as trevas, como
setas, apontadas para sempre
Aos planetas e aos segredos
e à sua boca dourada
E talvez dissesses
Enquanto a Morte
espreitava por entre os teus cabelos:
- Caímos das estrelas e
Caímos das estrelas e
Caímos das estrelas
Não chores:
É através da noite que regressamos a elas.
Bruno D Lírio (sem dados precisos)
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