quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Na pele do outro





Este não é o teu corpo!


No ermo do monte florido maria sua sangue, antevendo o breu onde aquele que furtivamente a beijou se afundará, apagado e para sempre descrente.

E, sem um som, logo assentiu: a cruz será minha e tua.

Maria sabe-o: na mente atormentada do amado, resgatar o homem da excedentária materialidade do mundo é um sonho em declínio. Trinta exemplares bastarão para lhe retirarem a vida.

Em silêncio, questiona-se ainda: tão pesado e quão estreito esse madeiro!

«Noli me tangere…» , ouve dentro de si., ao rasgar as vestes do sentir a vocábulos orlado.

Sacudindo o sangue que lhe escorre da pele, de braços bem abertos, sobe ao gélido céu onde as boas mulheres e a santa solidão aguardam pacientemente que chegue e sem 1chaga sequer…

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