A praia do meu bairro é diferente de todas as outras. Tem
amplos chapéus- de- sol, mesas com tampo de madeira e cadeiras de metal
encarnado. Não tem mar, mas pode ver-se o rio ao fundo; areia também não
existe, o que até me agrada bastante, pois não tenho de sacudi-la quando me vou
embora.
Para substituir o ritmo das ondas no seu incessante vaivém,
há sempre música ao vivo, pessoas que chegam e partem, murmurando em várias
línguas… mas só presto atenção à música, ou à luz que sorrateiramente se
esgueira no azul plácido do rio, que uma vela branca atravessa.
Preparar a trouxa-
toalha, bronzeador, chinelos, fato de banho,revistas- para quê? Não vale a pena: sob o sol, mais ou menos despido, sonhas com o
que te apraz; protegido ou não do calor, podes também ler os imprevistos que a
proximidade da água propicia.
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