quinta-feira, 5 de março de 2015

Eflúvio


A praia do meu bairro é diferente de todas as outras. Tem amplos chapéus- de- sol, mesas com tampo de madeira e cadeiras de metal encarnado. Não tem mar, mas pode ver-se o rio ao fundo; areia também não existe, o que até me agrada bastante, pois não tenho de sacudi-la quando me vou embora.
Para substituir o ritmo das ondas no seu incessante vaivém, há sempre música ao vivo, pessoas que chegam e partem, murmurando em várias línguas… mas só presto atenção à música, ou à luz que sorrateiramente se esgueira no azul plácido do rio, que uma vela branca atravessa.
 Preparar a trouxa- toalha, bronzeador, chinelos, fato de banho,revistas- para quê? Não vale a pena:  sob o sol, mais ou menos despido, sonhas com o que te apraz; protegido ou não do calor, podes também ler os imprevistos que a proximidade da água propicia.

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