Não me temo de
Castela
donde inda guerra não soa;
mas temo-me de Lisboa,
que, ao cheiro desta canela,
o Reino nos despovoa
Sá de Miranda
Garcia de Orta
descreve a caneleira como uma árvore do tamanho da oliveira possuindo “duas
cortezas” como os sobreiros e o leitor teria de visualizar à sua maneira dado
que ainda não havia desenhos ou gravuras fidedignas.
Meu pratinho de
arroz doce
polvilhado de canela;
Era bom mas acabou-se
desde que a vida me trouxe
outros cuidados com ela.
as ilhas são os lugares dos obsessivos e dos obstinados,
sítios
onde voltam a germinar manias mortas como líquenes em pátios onde não bate o
sol.
Nas ilhas há horizonte mas não há saída."
[De
"Passos Perdidos", o novo romance de Paulo Varela Gomes, nas
livrarias em Fevereiro.]
Edições tinta-da-china
... e “as Ilhas
Afortunadas são uma lenda medieval. Por vezes o nome é associado a
ilhas maravilhosas que teriam
existência real e chegavam até a estar indicadas nos mapas náuticos; outras
vezes referiam-se declaradamente a ilhas que podiam ser vistas pelos mareantes
mas nunca alcançadas. Provavelmente a lenda foi sugerida por fenómenos
atmosféricos que provocavam miragens de terras inexistentes no meio do mar.
na noite de breu
ao quente da voz
de suas avós,
meninos se encantam
de contos bantos...
"Era uma vez uma corça
dona de cabra sem macho...
... Matreiro, o cágado lento
tuc... tuc... foi entrando
para o conselho animal...
("- Tão tarde que ele chegou!")
Abriu a boca e falou -
deu a sentença final:
"- Não tenham medo da força!
Se o leão o alheio retém
- luta ao Mal! Vitória ao Bem!
tire-se ao leão, dê-se à corça."
Mas quando lá fora
o vento irado nas fresta chora
e ramos xuaxalha de altas mulembas
e portas bambas batem em massembas
os meninos se apertam de olhos abertos:
- Eué
- É casumbi...
E a gente grande -
bem perto dali
feijão descascando para o quitande-
a gente grande com gosto ri...
Com gosto ri, porque ela diz
que o casumbi males só faz
a quem não tem amor, aos mais
seres buscam, em negra noite,
essa outra voz de casumbi
essa outra voz - Felicidade...
Woman much missed, how you call to me, call to me,
Saying that now you are not as you were
When you had changed from the one who was all to me,
But as at first, when our day was fair.
Can it be you that I hear? Let me view you, then,
Standing as when I drew near to the town
Where you would wait for me: yes, as I knew you then,
Even to the original air-blue gown!
Or is it only the breeze, in its listlessness
Travelling across the wet mead to me here,
You being ever dissolved to wan wistlessness,
Heard no more again far or near?
Thus I; faltering forward,
Leaves around me falling,
Wind oozing thin through the thorn from norward,
And the woman calling.