sábado, 23 de abril de 2016

«Odisseus»


ULISSES

À praia de Ítaca
me trouxeram adormecido,
 um corpo inerte apenas.

 Primeiro
 não me reconheceram
 e depois nínguém me perguntou
 nada.

 Matei
 os pretendentes.
 E já

 não tenho de navegar.

Não tenho de inventar.
 Não tenho de inventar-me.
 Não tenho de ser
 outro.

 Não tenho de ser.

Nem sequer eu
 sonho com Odisseus.

 A minha fuga ao real
 cumpriu-se.


Zhivka Baltadzhieva, Bulgária (1947)

( a tradução, do inglês, é minha)

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