É a
canção dos sonhadores
que a si próprios
tinham arrancado o coração
e o levavam na sua
mão direita
G Apollinaire
O canto
do homem
Quis para
a minha aflição
ruas estreitas, a carícia
nos meus ombros das boas paredes duras.
Mas vós, ó homens
alargaste-as com os vossos passos,
com os vossos desejos,
com o bafio do rum,
do sexo e da cerveja.
Erro nos vossos labirintos
multicolores e estou cansado
do meu lamento.
Assim
na vossa direção vim
com o meu grande coração nu
e vermelho, e os meus braços pesados
com braçados de amor
E os vossos braços na minha
direção se estenderam muito abertos
e os vossos punhos duros
bateram-me duramente na face.
Então eu vi:
os vossos vis esgares
e os vossos olhos babosos
de injúrias.
Então ouvi
à minha volta o coaxar, pustulento,
dos sapos. – Logo:
solitário, sombrio,
agora forte e a minha sombra
minha única companheira fiel,
projeto o arco do meu braço
por sobre o céu.
Jacques Roumain, Haiti
(1907-1944)
(a tradução dos 2 poemas é minha)