domingo, 20 de março de 2022

«Canto à terra»


 

O deus da guerra dispõe-se a partir. Os seus corcéis

empinam se à frente do carro, negros, de longas crinas

e olhos feros, resfolegam ansiosos de começar

a sua viagem para o norte pela abóbada do céu.

 

E no entanto ainda há pouco os dentes afiados

das pérfidas chamas

se alimentavam como uma espada vermelha

nas cidades, fazendo-as em pedaços

-na última e enlouquecida viagem do deus.

 

Deus da guerra! podes roubar-nos o céu

e a terra.

Vida, canto-te o meu canto enquanto se aproxima

                                                                    o ruído

do seu carro.

 

Hannes Pétursson, Islândia (1931) 



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