Eles esqueceram
alguns sonhos
Os pássaros mortos caíram,
mas ninguém os tinha visto voar,
ou imaginava donde vieram. Negros, os olhos
estavam fechados,
e ninguém sabia que pássaros eram. Mas todos
os que os agarraram fitaram o novo céu distante
e afunilado.
Também, escuras gotas caíram. De noite sobre
os beirais,
ou reunidos ao longo dos tectos sobre as
camas,
toda a noite pendiam, misteriosas formas de
gotas, sobre as cabeças,
e caíam agora dos dedos descuidados, rápidos
como o orvalho das folhas.
Onde se tinha visto bagas silvestres tão
negras como estas,
assim brilhando logo de manhã cedo? Armadilhas
cruéis
no ramo mais alto ou debaixo das folhas?
Tinham pensado veneno
e escapado ou- lembrem-se- comido o que havia
nessas árvores carregadas?
Que flores se contraem em sementes como estas,
como a columbina?
Por volta das oito ou nove os sonhos são todos
inescrutáveis.
Elisabeth
Bishop, EUA (1911-1979)
(tradução de M. de Lourdes Guimarães)
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