quarta-feira, 30 de abril de 2014
terça-feira, 29 de abril de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
25 de Abril- no bairro
Pormenores da fotografia que Alfredo Cunha mais gostou
de tirar na manhã do 25 de Abril de 1974.
Estados de espírito e comemorações informais na vizinhança.
Dueto nascido depois de 1975 cantando , em 25/4/20014, «e depois do adeus».
Ponte sobre o Tejo,construída por uma italiana a residir em Lisboa há 2 meses.
Adamastor
Lisnave à esquerda
à direita o Cristo-Rei
ainda mais à direita a ponte Salazar
logo rebaptizada 25 de Abril.
sábado, 26 de abril de 2014
Depois do sol: chuviscos
Na freguesia, agora alargada, também encontrei este espaço onde me sentei, longe da multidão, a usufruir o sol de um dia que, há 40 anos, foi considerado por muitos «inaugural» e por mim sentido como único.
Por acaso- ou talvez não, já sei que nada ou pouco sei- cruzei-me com alguém que amou Salgueiro Maia. Fomos ao Carmo-depois da enchente dos pequenos rios que lá desaguaram. Aprendi que o ar sério e preocupado que as fotografias dele retiveram fazia parte do seu modo de estar no mundo de então.
Se cá estivesse ainda e, se tivesse visto o que eu registei ontem sobre os cravos, pegaria novamente no megafone ou num qualquer outro invento tecnologicamente avançado, ou então teria de recorrer a uma dose muito muito elevada de dopamina para sobreviver.
Foi pensando nisso que regressei a casa. Liguei-me ao mundo: em breve, qual maná, as ambicionadas flores, agora inodoras, cairiam do azul do céu.; mais tarde, haveriam de noticiar um ataque de pirataria informática.
Sem megafone, sem dopamina, já o sol se retirara, fui ouvir-cá no bairro-«As portas que Abril abriu». Éramos talvez uma dúzia e só eu tinha vivido esse momento- único. Depois dancei. Dancei enquanto pude. Aí já éramos muitos...e o nível de felicidade bruta subiu, com o movimento dos corpos seguindo a música.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Nada é imutável!
«Enquanto vives, nunca digas: nunca!
O regime assegurado não está seguro.
As coisas desta vida não são imutáveis…
B.Brecht, excerto do recitativo
final de «A Mãe».
14.
Escrever sobre o corpo.
A lei,
os hábitos,
a frescura do vento.
Cicatrizes da vida.
Tatuagens.
Por isso as sociedades primitivas não escreviam-
inscreviam a lei no próprio corpo.
Jamais se separavam da justiça.
Não precisavam do Estado.
Nem senhores, nem servos.
Escrever livremente sobre o corpo, hoje:
não já um espaço irreversível,
a própria casa,
mas a imensa (intensa) aventura
de uma linguagem em mutação.
O terrível espaço onde o homem
(aqui o escritor)
se debate com as suas próprias armas.
Casimiro de Brito
(texto publicado no suplemento «Artes e
Letras» do D.N., entre maio e novembro de 1975)
terça-feira, 22 de abril de 2014
Tudo é provisório- e isso até não é mau!...
Nosso destino
Aconteceu há anos na Sardenha, na Pérsia, na Rússia
ou no Iraque:
No tempo em que tu não eras rei de Espanha
Nem eu, gerente da Kodak:
A múmia tinha uma cabeça estranha,
do tecto pendia um velho fraque,
num canto do salão estava uma aranha,
e eu, distraída, lia um almanaque.
Os anos e os séculos passaram
e dessa imensa glória só ficaram
as ruínas do templo abandonado.
Mas, Judas, pendurado na figueira,
vem ensinando à humanidade inteira,
que a forca é mais triste que o fado!...
(1980)
Ana Isabel, in O Grito
frente ao Mar
Tardes de Domingo
Ó desempregados que vendeis a “grande” da lotaria.
Ó bichas confusas de pessoas à procura de
Açúcar, como formigas, mas em carreiras ordenadas.
Ó empregados de mesa, autómatos fartos de bicas.
Ó mulher gorda, vestida de preto, a vender balões coloridos.
Ó exército desorganizado de pedintes. Ó carros cheios
de agregados familiares frustrados. Ó condutores
domingueiros
buzinando desordenadamente.
Ó sanfona massacrante da música de feira
e dos caça- moedas para crianças. Ó praga
de rádios de pilhas adormecendo o povo triste. Ó multidões
fazendo sempre as mesmas coisas ao domingo à tarde.
Ó tardes de domingo enfadonhas.
Jorge Cândido, in O
Grito frente ao Mar, Antologia de poesia da Associação Comunitária de Saúde Mental, Lisboa, 1997.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Com o deserto nas mãos
Bárbaros
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e,
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens.
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo.
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram
mais longe do céu.
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo.
De manhã, a planície estava ainda mais plana.
Maria do Rosário Pedreira, A Casa e o Cheiro dos Livro ,Gótica, Lx, 2007
sábado, 19 de abril de 2014
Flores amarelas
neste chão de pedra que ninguém diria
poder florir assim.
Ó flores cujo nome desconheço,
prolongai esse fulgor humilde em cada dia
de que ainda disponho para ver as flores,
antes de as flores virem ter comigo.
A.M.Pires Cabral: A umas flores amarelas (excerto)
Primavera após primavera, são as primeiras a saudar anonimamente o sol.
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Mimesis
memórias da natureza por domar:
pedras parindo pedras
malmequeres e margaridas em jardins
um ovni perto da foz
-rio sem nome...
quarta-feira, 16 de abril de 2014
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Terminus da «puta da vida»...
Espaço em branco
Irreversível o não ver, não ouvir nunca mais palavras novas...
«Ninguém nasce ou
morre à hora da sesta,
só a memória vigia os trilhos por onde um dia a morte virá
como um vagabundo sequioso,
enquanto puxamos o balde cabisbaixos e a corda nos sulca as
mãos envelhecidas.»
Jorge Fallorca, Longe
do Mundo, Frenesi, Lisboa 2004
sábado, 12 de abril de 2014
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