Bárbaros
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e,
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens.
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo.
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram
mais longe do céu.
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo.
De manhã, a planície estava ainda mais plana.
Maria do Rosário Pedreira, A Casa e o Cheiro dos Livro ,Gótica, Lx, 2007
Sem comentários:
Enviar um comentário