«Enquanto vives, nunca digas: nunca!
O regime assegurado não está seguro.
As coisas desta vida não são imutáveis…
B.Brecht, excerto do recitativo
final de «A Mãe».
14.
Escrever sobre o corpo.
A lei,
os hábitos,
a frescura do vento.
Cicatrizes da vida.
Tatuagens.
Por isso as sociedades primitivas não escreviam-
inscreviam a lei no próprio corpo.
Jamais se separavam da justiça.
Não precisavam do Estado.
Nem senhores, nem servos.
Escrever livremente sobre o corpo, hoje:
não já um espaço irreversível,
a própria casa,
mas a imensa (intensa) aventura
de uma linguagem em mutação.
O terrível espaço onde o homem
(aqui o escritor)
se debate com as suas próprias armas.
Casimiro de Brito
(texto publicado no suplemento «Artes e
Letras» do D.N., entre maio e novembro de 1975)
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