quinta-feira, 3 de abril de 2014

Enigmas



nenhuma arte, nenhum saber, memórias
nada na manga metálica dos olhos
nada no simples claro contratempo
nas palavras medidas pelo breve

indício do sentido.
venha comigo ver os nunca vistos
desastres do jamais acontecido
objectos, por ora, cintilantes

e vastos como cidades de além-terra, quando
o corpo em vão mastiga sede e sangue.
inquira

a física do som e da visão
com passagem veloz pelo tormento.
nenhuma arte, veja, voz alguma.


António Franco Alexandre, A pequena face, Assírio e Alvim,1983



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