sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O que a vista do turista não alcança...

Carlos Carreiro



Crepúsculo na ilha
I
O dia morre como se adormecessem vozes
nas bocas dos animais
tecidas
num esvoaçar de sons
II
O lavrador vestido de suor
planta no bater da estaca
o gesto último
de quem prende à terra toda a sua vida
III
No cheiro a erva
um sonoro subtil soar de silêncio
brota um crepúsculo de flores esmagadas
IV
No ar
paira um odor calado a maresia


Marcolino Candeias, Na distância deste Tempo, Lx, Ed. Salamandra


Sem comentários: