sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Num mundo diferente

The Company of Trees

 There is no king in their country
 and there is no queen
 and there are no princes vying for power
 inventing corruption.
 Just as with us many children are born
 and some will live and some will die and the country
 will continue.

 The weather will always be important.

 And there will always be room for the weak, the violets
 and the bloodroot.
 When it is cold they will be given blankets of leaves.
 When it is hot they will be given shade.

 And not out of guilt, neither for a year-end deduction
 but maybe for the cheer of their colors, their
 small flower faces.

 They are not like us.

 Some will perish to become houses or barns,
 fences and bridges.
 Others will endure past the counting of years.
 did not work well enough, was only an early stage.
 Neither do they ever have any questions to the gods—
 And none will ever speak a single word of complaint,
 as though language, after all,
 which one is the real one, and what is the plan.
 As though they have been told everything already,
 and are content.

 Mary Oliver, in BLUE HORSES (New York: Penguin, 2014)


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

«O saber não ocupa lugar»







"La soledad es el hecho más profundo de la condición humana. El hombre es el único ser que sabe que está solo."- Octavio Paz

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Luzes

SINTONIA PARA PRESSA E PRESSÁGIO 
 
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.



 Paulo Leminski , Brasil (1944-1989).




segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Lisboa posta em desassossego



     Por entre a casaria, em intercalações de luz e sombra – ou, antes, de luz e de menos luz – a manhã desata-se sobre a cidade. Parece que não vem do sol mas da cidade, e que é dos muros e dos telhados que a luz do alto se desprende – não deles fisicamente, mas deles por estarem ali.
                Sinto, ao senti-la, uma grande esperança; mas reconheço que a esperança é  literária. Manhã, primavera, esperança – estão ligados em música pela mesma intenção melódica; estão ligados na alma pela mesma memória de uma igual intenção. (…..)
                        Lembro-me de repente de quando era criança e via, como hoje não posso ver, a manhã raiar sobre a cidade. Ela então não raiava para mim, mas para a vida, porque então eu (não sendo consciente) era a vida. Via a manhã, e tenho alegria; hoje vejo a manhã, e tenho alegria, e fico triste. A criança ficou mas emudeceu. Vejo como via, mas por trás dos olhos vejo-me vendo; e só com isto se me obscurece o sol e o verde das árvores é velho e as flores murcham antes de aparecidas. Sim, outrora eu era de aqui; hoje, a cada paisagem, nova para mim que seja, regresso estrangeiro, hóspede e peregrino da sua presentação, forasteiro do que vejo e ouço, velho de mim.

                        Fernando Pessoa, Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, Ed. Assírio e Alvim 


domingo, 23 de novembro de 2014

Elogio do que nos falta


«Tentaram enterrar-nos. Não sabiam que somos sementes.»- provérbio mexicano.














In Praise of What is Missing

When a tooth is extracted,
some side of the holy wheel is unnotched,
And twists, unlike Ixion’s, in the wind and weather,
And one slips into wanting nothing more
from the human world,
And leans back, a drifting cloud,
Toward what becomes vacant and is nameless and is blue,

As days once were, and will be again.

Charles Wright, uma vez mais.

sábado, 22 de novembro de 2014

«en un sueño que no es sueño, sino pesadilla»

Sueño con un tren

Sueño que me levantes todos los días para llevarme a la escuela,
……….que mis hermanos sean felices,
……….que nunca falte el alimento,
……….que diciembre sea motivo de reunión y no de trabajo,
……….que mis ropas no sean usadas, que te compres un bolso y unas zapatillas,
[madre.

También sueño con mi abuela, con sus jornadas laborales frente a un mostrador,
con sus piernas cansadas y la mirada perdida.

También sueño con mis dientes caídos, con la espera del ratón y su moneda,
pero solo queda esta movilidad en una cama de metal,
en un sueño que no es sueño, sino pesadilla.

En un movimiento que nos arrastra a un futuro que no habremos de alcanzar,
o quizás sea el sueño de algún francotirador al otro lado del muro,
esperando paciente nuestra llegada.

Pero aquí estamos, tu y yo, y mis hermanos y mi abuela, y mis vecinos

y el movimiento de este tren que sigue en sus pasos, hasta que un día se detenga este sueño y despertemos.

      Miguel Córdova Colomé, México,1990

Fotografia de P F

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Amanhã


  • Tomorrow

    The metaphysics of the quotidian was what he was after:
    A little dew on the sunrise grass,
    A drop of blood in the evening trees,
    a drop of fire.
    If you don’t shine you are darkness.
    The future is merciless,
    everyone’s name inscribed
    On the flyleaf of the Book of Snow.
                         Charles Wright, EUA, 1935

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

México: palavras contra a «morte matada»

La herramienta básica para la manipulación de la realidade es la manipulación de las palabras.
Si puedes controlar el significado de las palabras,
puedes controlar a la gente que debe usar las palabras.
Philip K. Dick



19 nov 2014

Reproducimos algunas notas periodísticas a propósito del Encuentro Internacional de Poesía CDMX que tuvo lugar en Coyoacán del 14 al 16 de noviembre. Aquí de El Siglo de Durango, publicada el lunes 17 de noviembre de 2014.
Durante el Encuentro Internacional de Poesía Ciudad de México 2014, la exigencia de justicia por la desaparición de los 43 normalistas en Ayotzinapa ha sido un grito constante.
Entre el grupo de poetas que hasta ayer sostuvieron un encuentro literario en varias sedes de la ciudad de México, dedicaron sus poemas a los jóvenes desaparecidos, tal como fue el caso del poeta marroquí Jalal El Hakmaoui quien en su poema titulado “43 señaló: “Vivos se los llevaron, vivos los queremos”.

Al recibir el Premio Internacional de Poesía Nuevo Siglo de Oro, Sujata Bhatt, la poeta mencionó a los normalistas y lo historiador y filósofo mexicano Miguel León-Portilla señaló que la desaparición de los 43 muchachos es una “tristeza profunda que todos los mexicanos estamos experimentando”.
La declaración fue hecha el pasado sábado durante la conferencia magistral “Diálogo de la flor y el canto”, en el Museo Anahuacalli, en el marco del Encuentro Internacional de Poesía que reúne a poetas de los cinco continentes.
                                                                                        in Circulo de Poesia













???!!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Linhas de escrita




Adormeci com uma linha escrita na boca
Acordei. Engoli-a. Desapareceu.
Passei o dia com dor de estômago.

Vera Pavlova, Rússia (1963)





Uma nova linguagem: a linguagem

Uma nova linguagem: a linguagem
do mosquito na orelha.
Linguagem dos cães

atacando a obscuridade.
Linguagem de motores na noite;
a linguagem da brisa gelada.
Uma nova linguagem. A linguagem
de uma canção debaixo do negrume
e das estrelas. A linguagem
das pequenas borboletas, os grilos
e o lamento
por uma terra que nunca refresca.
A linguagem da vida.
A voz da dúvida e o acordo.
Nada mais, nada
menos. A oração da água que rega
áridos desertos.


 Krzystof Koehler, Polónia, 1963

As traduções-do espanhol- são minhas. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

«Dizer-Fazer: 2»

Dizer-fazer


2
Ideia palpável,
          palavra
impalpável:
         a poesia
 vai e vem
       entre o que é
e o que não é.
       Tece reflexos
e desmancha-os.
        A poesia
semeia olhos nas páginas,
semeia palavras nos olhos.
Os olhos falam,
         as palavras olham,
os olhares pensam.
         Ouvir
os pensamentos,
            ver
o que nós dizemos,
           tocar
o corpo da ideia.
        Os olhos
fecham- se.
         As palavras abrem- se.


Octavio Paz, México (1914-1998)- traduzido por mim, hoje.

           Foi identificado o vírus que as destroi lentamente


«...As estrelas-do-mar são equinodermes, primas dos pepinos-do-mar e dos ouriços-do-mar. A maioria delas tem cinco braços, mas algumas têm mais braços. O desaparecimento de tantas estrelas-do-mar ameaça o colapso dos ecossistemas costeiros. Estes equinodermes são predadores importantes, que ficam entre a linha costeira e o mar aberto... .»,in jornal Público.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pas Poème rien pour personne vient.

Poème pour
personne
rien pour personne

Poème pas
poésie pour
quelqu’un rien pour quelqu’un

rien ne vient
à
quelqu’un pas
de moi ne viendra pas

Personne
au poème du dos
duquel
je n’écris pas


Pascal Leray, França, Jazz4 Musiques


       Na rádio, informações sobre a escravatura moderna...

sábado, 15 de novembro de 2014

O que eles dizem sobre o amor...


Há no amor uma qualquer força mortífera
Que põe os amantes um contra o outro,
Bastará que a libertem;

Há no amor uma qualquer força vital
Que põe os amantes a favor um do outro,
Bastará que a mantenham em cativeiro;

Há no amor uma qualquer força inumana
Que há-de preservar os amantes
De sucumbirem nas margens um do outro,
Bastará que a coloquem já onde o amor os não alcança.


Fernando Eduardo Carita, Portugal, (1961), A salvação pelo vazio


A solidão é uma doença
Que se transmite através do sexo
Tu não te metas e eu não me meto.
Melhor é ficarmos juntos,
Falemos de uma coisa qualquer,
E calemos algumas outras.
Abracemo-nos e entendamo-lo: a solidão não tem cura.

Vera Pavlova, Rússia (1963)-traduzido por mim-do espanhol



A carne e o espírito

Passou por dentro do pântano com sua boca e Deus
Na minha cama ela dorme
Ó céu sem prateleiras!
Minha raiz me pede demais.

Manoel de Barros, Brasil (1916-20014)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Vivos-se-los-llevaron-Vivos-los-queremos!



AYOTZINAPA 43: UNA ÍNTIMA TRISTEZA REACCIONARIA

REFERENCIAS

Una íntima tristeza reaccionaria. Ramón López Velarde.
Hablar es un esfuerzo demasiado grande. Miguel Guardia.
Ustedes dirán que es pura necedad la mía. Juan Rulfo.
Aquí todos se han muerto… José Watanabe.
Pero hoy estamos aquí escuchando… José Watanabe.
Pero ante las traiciones… Txema Martínez.
Todo está lejos, no hay regreso… Octavio Paz.
Y mis muertos… Jair Cortés
Comienza el otoño y tres días más tarde… Méraly Reyes Tovar.
La fusilería grabó en la cal… Ramón López Velarde.
Y en la imposibilidad de sentir al otro. Alan Sting.
Y contra la melancolia, la confianza… Roque Dalton.
No soy nadie y soy el Pueblo. Juan Bañuelos.

Yo doy todos mis versos por un hombre. Blas de Otero.

Vivos-se-los-llevaron-Vivos-los-queremos!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

México- «Ayotzinapa 43: uma íntima tristeza reaccionária»

Ahora es la hora de mi turno
el turno del ofendido por años silencioso
a pesar de los gritos
Callad
callad.
Oíd.


Roque Dalton , El Salvador, 1935-1975 (assassinado)



...e Lede.



vivos-se-los-llevaron-vivos-los-queremos!


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ailleurs: quase inverno






Paul Celan

Ele escreve com os seus dedos em direção à tua boca.
Vê lodo debaixo da luz, árvores mordidas pelo vento,

vê erva que ainda sobrevive a esta hora,
a página endurecida como um campo queimado:

suspira. As palavras deixam um sabor a solo
nos seus lábios.


Ilyá Kamínsky (Ucrânia, 1977)- traduzido por mim, do espanhol.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Antecipar

Fotografia tirada por P.F


Love poem

Ultimately, we will lose each other
to something.I would hope for grand
circumstance — death or disaster.
But it might not be that way at all.
It might be that you walk out
one morning after making love
to buy cigarettes, and never return,
or I fall in love with another man.
It might be a slow drift into indifference.
Either way, we’ll have to learn
to bear the weight of the eventuality
that we will lose each other to something.
So why not begin now, while your head
rests like a perfect moon in my lap,
and the dogs on the beach are howling?
Why not reach for the seam in this South Indian
night and tear it, just a little, so the falling
can begin? Because later, when we cross
each other on the streets, and are forced
to look away, when we’ve thrown
the disregarded pieces of our togetherness
into bedroom drawers and the smell
of our bodies is disappearing like the sweet
decay of lilies — what will we call it,
when it’s no longer love?


Tishani Doschi, Índia (1975)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

«Religando»

Fotografia da Undine

Religião

A última coisa que a velha cadela trouxe para casa
das peregrinações que fez pelo bosque
foi um sapato de homem, um negro mas reluzente sapato ponta-de-asa.

Comecei por recear que dentro dele houvesse um pé.
Mas não, era simplesmente um sapato
 ainda que obviamente usado; todavia,

como a boca da retriever,
 treinada para recolher patos e gansos, era suave,
 o sapato continuava em bom estado.

Eu poderia tê-lo dado
a um amigo sem perna
mas todos eles usavam já próteses,

 ali estava então. Resgatado ou roubado
 um estranho sapato . Porém nos últimos meses
 de vida da cadela, eu notei

como o sapato se tornara quase um amigo
 algo para ficar perto ou dormir em cima
e que ela farejava sempre que passava,

 parecendo assim certificar-se de que,
na sua ausência, aquele misterioso, familiar,

  pé desaparecido, não tinha regressado.

Robert Wrigley, EUA, (1951)-  tradução feita por mim, hoje.