Todas as vidas são uma vida.
Uma vida, é sabido, vem sempre antes de outra,
Mas uma vida não é mais «antiga» nem mais respeitável do que
outra,
Tal como não é superior a outra.
Os caçadores declaram:
Se todas as vidas são uma vida,
Então, todo o mal causado a uma vida exige reparação.
Portanto,
Que ninguém ataque gratuitamente o seu vizinho,
Que ninguém faça mal ao seu próximo,
Que ninguém torture o seu semelhante.
Os caçadores declaram:
Que todos cuidem do seu próximo,
Que todos honrem os seus progenitores,
Que todos eduquem as crianças como é devido,
Que todos «acautelem» e zelem pelas necessidades da sua
família.
Os caçadores declaram:
Que todos cuidem da terra
dos seus pais.
Por terra ou pátria, faso,
Entenda-se também, e sobretudo, os homens;
Porquanto «todos os países e terras que vejam os homens
desaparecerem do
seu solo logo se tornarão nostálgicos».
Os caçadores declaram:
A fome não é uma coisa boa,
A escravatura também não é uma coisa boa;
Não há calamidade maior do que a existência de tais coisas
no mundo.
Enquanto guardarmos o arco e a aljava,
A fome, se porventura voltar a ameaçar-nos,
Não tornará a matar no Mande;
A guerra não tornará a destruir as aldeias
Para aí capturar escravos;
Assim, a partir de hoje, ninguém tornará a colocar o freio
na boca do
seu semelhante
Para ir vendê-lo;
Ninguém será maltratado,
E muito menos morto
Por ser filho de um escravo.
Os caçadores declaram:
A essência da escravatura termina hoje,
Dentro de todas as casas e de todas as fronteiras do Mandê;
(…)
Cantado pela confraria dos caçadores do reino mandinga,
Antigo
Império do Mali, em 1222
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Estas fotografias não foram tiradas por mim. Esculturas de reis ou nobres mandê do sec. XIII.
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